Como comecei na Informática… Era muito novinho, e tinha uma consola com uma pistola que apontávamos para a televisão. Adorava aquilo, embora não me lembrar de jogar propriamente. Na verdade, só me lembro da pistola. Quanto à consola: avariou-se com o ácido das pilhas.
As consolas nessa altura sairam de moda.
Só anos depois regressaram devido à Nintendo e SEGA começarem a disputar esse reemergente mercado.
Lembro-me também de, nessa altura, ter aqueles jogos electrónicos portáteis. Num deles eramos um guarda-redes a defender penaltis.
Depois tivemos, eu e o meu irmão, um ZX Spectrum 48k com gravador de cassetes à parte.
Lembro-me do Chuckie Egg, um jogo de plataformas onde tínhamos de apanhar ovos de galinhas, antes que estas nos apanhassem e antes que o Passarão saísse da gaiola para nos papar. Comecei a saltar sem parar numa das plataformas até que, inesperadamente, se abre um buraco na plataforma e lá caí, morrendo em seguida. Foi o primeiro BUG que vi.
Tenho boas recordações desse computador e de alguns socos que ele apanhou (coitado – hoje só de pensar… cruzes).
Mais tarde, o meu Pai arranjou um PC para trabalhar juntamente com um colega mas, como o colega se mudou de cidade, acabámos por “herdar” o computador. Devia ser um 286 (ou inferior) a 16Mhz.
Encarreguei-me dos seus primeiros upgrades. Andava sempre a experimentar e a explorar o pouco que havia, e o computador passava-se sempre, pelo que quando vinha de arranjar vinha sempre melhorado a nível de hardware. Ok, não era bem eu que fazia os upgrades, mas provocáva-os.
Numa das vezes que voltou do técnico, vinha com um interessante botão de Turbo que fazia o CPU “bombar” a poderosos (na altura) 33Mhz.
Tanto eu como o meu irmão, tinhamos grandes traumas com os jogos, é que o nosso monitor era monocromático. E, naquele tempo, o que era fixe eram os monitores policromáticos. (“O espectáculo da cor!”).
Tinhamos de contornar esse problema da ausência de cor com criatividade para podermos jogar os jogos que exigiam um monitor a cores. Arranjámos uma maneira: abríamos Grand Prix, que tinha uma configuração denominada “Hercules Graphic Adaptor”, saíamos do jogo e depois e abríamos o jogo pretendido. Problema resolvido, doutra forma seria impossível.
Certo dia, voltei de novo a mexer no computador. Tive a excelente ideia de mexer no botão da voltagem da fonte o que provocou… um valente estouro! Regressado do conserto, vinha até com um monitor novo: policromático!!! Era um valoroso e muito aguardado avanço.
Não tínhamos era som!!
Em compensação, e para cúmulo dos cúmulos, o computador fazia interferência com o rádio e dessa forma tínhamos a noção do som. Essa interferência registava-se especialmente num dos melhores jogos de então: F1 GP. Nessa altura, já tínhamos um 486.
Na escola, conheci vários jogos: Sensible Soccer, que foi dos jogos que durante mais tempo joguei; World Cup 90, onde se demorássemos muito tempo a marcar cantos aparecia um “espontà¢neo” nu a invadir o campo; o Ant, onde uma formiga tinha de organizar as peças de dominó para que caíssem ordenadamente. Cada jogo ocupava umas 10 ou 20 diskettes.
Conheci o CD-ROM, o SoundBlaster e o BlasterCD da Creative, e outras novas tecnologias que iam aparecendo.
Ainda não fazia ideia do que era a Internet. Divertia-me a jogar Wolfstein 3D ou a desenhar no Paint. Cheguei mesmo a desenhar a camisola do Benfica com todos os pormenores, pixel por pixel.
Explorei a fundo os Windows que o PC tinha capacidade de ter.
Dei cabo de muitos computadores e de muito software, sempre que não passava épocas e épocas a jogar o meu sempre querido e saudoso Sensible World of Soccer, onde levei o Fortune Cologne da 2ª divisão Alemã a hepta-campeão europeu de clubes. Muitas vezes também, a jogar SimCity, até à s tantas, tendo a companhia da Rádio Cidade e o seu programa Cidade By Night.
Um dia, a conselho de um jornalista amigo do meu Pai, que tinha uma crónica de Informática na TSF, adquirimos um novo PC.
Era um PII a 333Mhz (overcloacked @ 365). Trazia com o Turok Dinosaur Hunt. E estava equipado com um modem 54k. Arranjámos um NetPack. A primeira página que vi foi a do SAPO (Serviço de Apontadores Portugueses, a anos-luz do actual portal da PT). Infelizmente, o primeiro modem não durou muito tempo. Foi substituído por um Cobra da Zoltrix e, aos poucos, fui conhecendo este mundo da Internet.
Consultei umas colecções dos “100 Melhores Links Anuais” da Revista EXAME. Foi aí que optei por visitar a página do Altavista, na primeira vez que vim à Internet em casa.
A minha primeira pesquisa foi: “Como é que eu me chamo?”. Tinha a noção que um motor de pesquisa seria algo que respondia à s nossas questões. (Bom, não anda assim muito longe disso). O primeiro resultado, vindo de um motor de pesquisa, que conheci foi um que dizia “o meu nome é ana”. Estávamos a dia 31 de Dezembro de 1998.
Aderi aos chats, primeiro em forma de BD, depois ao IRC. A net era algo despendiosa, por isso, só cá vinha 2 horas todas as sextas-feiras à noite.
Houve uma coisa que, logo à partida, me captou a atenção. Havia muita gente com páginas pessoais, ou seja, ter um site não era exclusividade das grandes empresas.
Perguntei como se fazia isso, disseram-me que tinhamos de falar com a PT. Não acreditei. Descobri o alojamento gratuito da GeoCities, ainda antes de ser propriedade da Yahoo!. Todavia, o primeiro projecto ficou alojado na FortuneCity. O meu primeiro site chamava-se “SuperSite”; o segundo “MegaSite”.
Construía todas as páginas no Word.
Contactei muitos autores de sites, tentanto obter respostas à s minhas dúvidas de web design ou programação web. Houve muita gente que me ajudou. Um desses webmasters revelou que desenhava o site inteiramente no Notepad, na altura fiquei muito admirado.
O tempo foi passando, o computador voltou de outro conserto, com o FrontPage 98 e daí, tudo começou a tornar-se, aos poucos, ainda mais produtivo.
O meu objectivo principal era ter muita audiência. Cheguei até a ser criticado por isso, quando um webmaster com quem falava no IRC, me disse que ele fazia sites por gosto e não para ver o contador de visitas disparar.
Para tornar real o meu objectivo, cheguei à conclusão que o tema dos meus sites tinham de ser de grande interesse por parte do público.
Num daqueles sites de programas online para ganhar dinheiro, segui a sugestão e criei um site a explicar o funcionamento desses programas. Depois de um site bastante amador, lancei outro chamado Netganhe. Foi consideravelmente bem sucedido.
Voltando a pesquisar por outros sites portugueses, contactei outro webmaster. Ele não tinha muita paciência para responder à s minhas dúvidas, era muito concentrado naquilo que desenvolvia e eu queria as respostas todas sem me dar ao trabalho de pesquisar por elas. Mesmo assim aprendi mais um pouco com ele. Chegámos mesmo a competir entre nós, com sites do mesmo tema, a ver quem tinha melhores resultados.
Resolvi tentar outras formas de obter mais visitantes. Lembrei-me dos canais de IRC que costumavam ter muitos utilizadores. Geralmente são utilizadores fiéis aos canais, e isso seria uma grande oportunidade. Um utilizador fiel de um canal, haveria de querer visitar o site oficial do mesmo. Entrei em canais do IRC a perguntar aos seus fundadores de canais se queriam os meus serviços de webdesigner. Criei o site do canal #ulusiada e mais outros para o seu fundador sobre outros temas.
Aproveitanto a ideia decidi criar um canal meu e o seu site oficial.
Lancei sites sobre variadíssimos temas, que me interessavam e poderiam captar a atenção dos internautas: ZonaNet; Eusébio – A Pantera Negra – Anos de Ouro do Futebol Português; NetGanhe; LmcTroca (Banner Swap); LmcSMS (mensagens grátis para telemóveis); LmcTel (tarifários e informações sobre as várias operadoras de Telecomunicações); LmcWAP (sobre o então-recém-nascido WAP); Acorrentados; Pokemón; Éden Site – O Paraíso das Belezas Divinas; Lmcnet (seria o portal de todos os outros sites); CasinoCasinoCasino; MandaPostais e MeuTelemovel, etc, etc.
Os sites foram todos registados no SAPO. E eram os primeiros a aparecer nas pesquisas sobre os respectivos temas.
Aderi a sistemas de trocas de banners, além de ter criado o meu próprio. Os banners promocionais dos meus projectos chegaram a ser dos mais clicados. Nos primeiros quatro lugares dos Tops, o 1º, 2º e 4º lugares chegaram a ser meus.
Nessa época, em 2001, estava no 1º ano do curso de Ciências da Comunicação (variante Marketing, Publicidade e R.P.), e um colega meu, chegou-se a mim e disse “Ouve lá, tu dominas a net ou quê? Qualquer coisa que eu pesquise é sempre LMC disto LMC daquilo..!!!”
Quando terminei a licenciatura, tirei vários cursos de Web Design: Internet Macromedia (Dreamweaver, Fireworks e Flash); Flash Avançado; WebDeveloper (HTML, CSS, DOM e JavaScript; PHP e MySQL); Design Gráfico (Pré-Impressão, Photoshop, Freehand, QuarkXpress) e Flash Gaming.
Entretanto, arranjei emprego como responsável de Web Design e Web Marketing.
O LmcNet e o MeuTelemovel terminaram.
Nasceu o Redcodestudio, enquanto frequentava o curso de WebDeveloper, e mais tarde, o Nofuturo.
Já tinha passado muito tempo quando me voltei a lembrar-me de um conhecido doutros tempos. Das nossas disputas, das nossas competições. Voltei a visitar um projecto que, quando me foi apresentado era apenas um embrião e, quando lá voltei em 2005 já era um site de enorme sucesso: .
Foi assim como tudo começou e como tem sido até agora.
Cumprimentos,
Luís Correia